domingo, 10 de janeiro de 2010

Apetites

Apetece-me salada de endivias com roquefort. É tão simples de fazer, mas é daqueles pratos que só sabe bem em sitios como o Chartier, em Paris. Tudo é diferente em paris.. os sonos, ai! os sonos tão "alinhados", o frio celestial sem esta maldita humidade, que nos corta a cara ao virar da esquina mas que nos faz sentir tão vivos, aka, viva. Paris. já lá vão 20 anos que é a minha segunda casa. Ao principio, como em tudo que faço, disse que não. Que não gostava, não havia sol, não havia o meu pai, não havia amigos, não havia...o que era preciso inventar como desculpa apenas para continuar a viver o passado a um "soufle" de cada vez. Nunca o presente. Nunca fui muito boa a viver o presente. Ou estava no passado, ou no futuro, mas no presente passei pouco tempo até hoje. Dizem que nunca é tarde. Nunca é tarde para emendar os erros, mas será que foram erros mesmo? Ou fiz o que sabia e o que pude quando pude e agora quero viver num presente onde é tudo tão estranho que parece cozinha de fusão: um bocadinho de passado, 3 colheres de presente e um cheirinho de futuro. Só para animar, para não pensarmos que foi tudo em vão.Para eu não pensar que tudo o que fiz, disse, gostei, detestei, amei, quis, desprezei, foi em vão. Porque essa é a blasfémia maior. A mesma que comer uma salada de endivias com roquefort num sitio onde não nos sentimos bem, "hommy", gratos por aquilo que temos. E neste caso, a salada que tanto adoro, é apenas um exemplo.Um exemplo dum presente do presente que temos de honrar a cada minuto que passa. E que ninguém disse que era fácil.